segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Night and day you are the one

1.00 Às vezes tanto faz… Nunca sabemos bem se queremos mesmo estar aqui… mas vamos ficando, é um pouco como aqueles momentos em que sabemos que não é ali que queremos estar, por outro lado não fazemos puto ideia onde gostaríamos de estar e por isso ficamos.
2.00 Parece que tudo está bem melhor, pouco sangue no álcool e muita gente gira. De onde teriam vindo?
3.00 Olé, olé, olé, olé. Aqui estava mesmo a partir, era provavelmente a melhor série de TV que passava num sábado à noite nos últimos tempos.
4.00 Estava cansado mas, não me apetecia dormir. Guardei a garrafa de whisky e fui ligar o computador… nem eu sabia bem porquê.
5.00 Já sabia de cor as características dos meus jogadores do Hattrick.
6.00 Já tinha estado num chat com uma miúda do outro lado do Mundo… Penso eu.
7.00 Se calhar já me podia ter ido deitar… Pensei. E fui.
8.00 Zzzzzzrrrrrzzzzrzzrrzrrrrrr
9.00 Levantei-me, o miúdo não pára de chamar. Dói-me um bocadinho a cabeça. Ligo a TV no Panda e deito-me no sofá enquanto aquece o leite.
9.30 – O LEITE!!!!!
10.00 Falam-me em ir ao parque, até as remelas dos olhos me saltaram.
Nem sei bem quando errei, se errei em casar, se errei em me divorciar, se o erro foi o puto que adoro, ou se sou eu que estou errado… Tudo enquanto dava o banho da manhã.
11.00 Mudo do Panda para a RTP2 e continuo no sofá. Penso em comer qualquer coisa, mas na verdade nem tenho fome, apenas uma ligeira dor de cabeça. Fecho os olhos.
12.00. A pressão do puto é crescente, antes de mais um zapping me deixar a TV num qualquer programa de televisão (desenhos animados, entenda-se). Sonho com um grua que me transporte para a banheira… mas nada.
13.00 Depois de dar uma sopa ao miúdo, que a minha mãe lá tinha ido pôr a casa, desço até ao café em frente.
– Uma bica! – Peço enquanto namoro um pastel de nata sem sucesso… Não tinha mesmo fome e o puto insistia na mesma tecla.
Nunca percebi se gosto mais do dia ou da noite. Será um todo indissociável como o céu e a terra?
Sim, é verdade que se calhar gosto mais da tranquilidade da noite... ou mesmo da loucura da noite, do fumo, do cheiro, do vinho, da música, de mim, de ti.
Mas, na verdade sou tão egocêntrico que também me adoro de dia, na luz, no brilho, nos reflexos do Tejo, na lucidez de ir e regressar. Se calhar, gosto mesmo é dos crepúsculos que nos antípodas se tocam numa beleza indescritivelmente única e diferente, embora igual, a simples beleza do dia e do seu ciclo.
14.00 Já nem me lembro bem do que gosto… Só quero que o puto não se aleije senão a mãe desanca-me, e com razão, uma vez entalou-se na porta do carro, que horror!!!
15.00. Estranhamente deu-me a fome…
- Tens fome?
- Não.
Acho que foi a primeira vez que lhe dirigi directamente a palavra. Nada mau.
O puto diz sempre que não tem. Mas tem de comer.
Fomos outra vez ao mesmo café. É feio. Pedi uma sande de fiambre e comemos a meias. Olhei para o puto, nem é feio, quer dizer até é bonito… Toda a gente se mete com ele e ele ri, ri como eu não me rio há muito tempo.
16h. Já estou em casa a preparar a mala, a mãe vem às 17.00 buscá-lo. Pus no Panda e pensei: – Este puto vê televisão a mais. Realmente isto da TV é mesmo muito mau.
17.00 Acabei de lhe dar um boião de fruta, modernices que a minha mãe tinha comprado, mas mal tocou a campainha o puto deu-me um beijo e correu para a porta e disse:
- Mamã, mamã.
Caiu-me tão mal…
Mal saiu, abri uma cerveja, tinha um misto esquisito de sede, dor de cabeça e sono… Adormeci.
18.00 Rrrrrrrrrrrrrrrzzzzzzzzzzzz
19.00 Acordei com a garrafa entornada no chão… Nem estava muito molhado, mas era melhor limpar… Deita um cheiro.
Acendi um cigarro e desci. Vim cá abaixo comer qualquer coisa ao café, pedi uma bifana e uma imperial, mas já não tinham pão… Aquilo cheirava mesmo mal… muito mal. Comi um pastel de bacalhau… dois… três… uma… duas… três… imperiais. Acho que estava a dar o Manchester ou isso e fiquei…
20.00 Afinal era o Middlesbrough.
21.00 Subi e pus na RTP1, queria ouvir o Marcelo… já estava a dar. Adormeci…
22.00 rrrrrrrrrrrrrzzzzzzzz
23.00 Já tinha desligado o computador e fui pôr o lixo lá em baixo… Porra, esqueci-me do cinzeiro… Que se lixe… Amanhã também é dia.
00.00 Terá a noite que ter sempre um lado nostálgico e ao mesmo tempo assustador?
Será que esta dicotomia bacoca de influência meio religiosa, meio inculta e medrosa do bem e do mal, do negro e da luz, da noite e do dia, não terá um fim.
Conseguiremos ter uma sociedade que se organize com alegria e entusiasmo e ao mesmo tempo com capacidade de trabalho 24 horas por dia? Ou teremos todos que viver como as galinhas que recolhem ao anoitecer num qualquer «curral» de betão onde nos deixam pôr os ovos para depois os virem buscar.
Hoje tomei uma decisão…Vou mudar do dia para a noite… se for capaz.

Day and night, night and day, why is it so