José António Silva nasceu na aldeia beirã de Malhar-da-Vaca, no dia 11 de Abril de 1970, embora o registo oficial mencione o dia 18. Os seus pais imigraram para Lisboa, quando ele ainda não falava, em busca de melhores dias... mas não encontraram, nem Lisboa, nem melhores dias, pois ficaram a viver numa casa clandestina no concelho de Loures.
Toda a sua vida tem decorrido na capital, mesmo demorando duas a três horas para cada lado, em função da dificuldade de transportes que vai tendo. Até ao princípio da idade madura, continuava a ir todos os verões «malhar» numa pedreira na sua terra natal. Por vezes, o período de Verão estendia-se até ao Inverno, mas nem sempre.
Fez estudos primários e secundários. Primários na Escola do Catujal que não pôde continuar por dificuldades económicas. Secundários enquanto aprendeu a andar à porrada, a enrolar ganzas, a apalpar miúdas nacionais e estrangeiras, bonitas e feias, altas e baixas, gordas e magras, e até o «Coisa Linda», vizinho da rua de baixo sobejamente conhecido, e com quem desenvolveu alguma sensibilidade, enquanto penteava a Barbie que tinham gamado à Luísa, vizinha da rua de cima, «ganda betinha».
No seu primeiro emprego, foi serralheiro mecânico (depois da pedreira), tendo depois exercido outras profissões, a saber: torneiro mecânico, servente reconhecido em particular pela rapidez com que trocava minis vazias por cheias, e mais tarde ladrilhador. Mas hoje, graças a um curso do IEFP, é feliz e trabalha numa pastelaria que fabrica pão, bolas de berlim, pastéis de nata, e a grande especialidade da casa: pães de chouriço e de torresmo, de chorar por mais.
Publicou o seu primeiro texto, no jornal da Escola Secundária do Catujal, com 18 anos no 7º ano, mas foi bastante criticado e mesmo incompreendido, devido ao elevado número de erros ortográficos e acima de tudo, pelo exagerado recurso ao calão, (autorizado, mas não naqueles termos).
Em 1992 e 1993, fez parte da Associação Recreativa e Cultural do Bairro das Coroas C, tendo também coordenado, durante alguns meses, o Departamento de Apoio ao Director de Futbol Infantil do Bairro, vulgo roupeiro/seccionista/aguadeiro, pois apesar da sua louca paixão pelo futebol, nunca soube dar um chuto que não fosse no cu de algum vizinho malcriado. Mais tarde pertenceu à primeira Direcção da Associação Recreativa e Cultural do Bairro das Coroas D, quando começaram a legalizar as primeiras casas do seu bairro.
Casou com 21 aninhos, ela com 17, devidamente autorizada pelos pais, e tiveram o primeiro filho cinco meses depois que, apesar de precoce, nasceu com 3 quilinhos e 500 gramitas e media alguns 56 cm, ou seja para aí três palmos, mais ou menos.
Adora cinema, embora só tenha ido duas vezes, em particular filmes do Chuck Norris e do Bud Spencer, apesar de afirme que o «gajo do rabo-de-cavalo também é lixado».
Futebol, ou seja o Benfica, é a sua grande paixão, para além do Águias de Camarate e o Sacavenense, embora vibre com o mesmo entusiasmo nas derrotas do Sporting, do Porto, do Chelsea, do Olivais e Moscavide e do Sporting da Torre.
Hoje, pai de três filhos, tem a sua vida estabilizada numa casa dada pela Câmara e recebe o rendimento mínimo, pois o seu ordenado não chega para a viver, a mulher, trabalha a dias, ganha para aí o dobro dele, mas não declara e assim consegue ir governando a sua vida entre a tasca e os canaviais. O mais velho é rufia, mas nem é mau rapaz.... e assim, no fundo, Zequinha vive feliz.