E assim mergulhei no lago.
O choque térmico fez-me voltar à normalidade. Olhei à volta e fiquei surpreendido.
Todos pareciam estar a consumir.
Verdade seja dita que eu mesmo, antes de começar a escrever, fui beber um cafézito, «ajuda a abrir a pestana...»
As pessoas andam aceleradas, mas não é menos verdade que uma boa parte das pessoas anda «aditivada». São os milhares de cafés diários, os comprimidos para tudo o que mexe, o elevadíssimo consumo de álcool na nova geração, as drogas leves que fazem parte integrante de qualquer grupo das zonas urbanas e que cresce a olhos vistos na província, é a estúpida mania das dietas compulsivas ajudadas por «pílulas» mágicas. Enfim, é uma panóplia de produtos mais ou menos químicos que uma grande parte da população toma.
É o excitante para sair da depressão, o calmante porque estamos excitados de mais.
Somos os reis do álcool, queremos ser os reis da «ganza», estamos no Top + do doping em atletas amadores, enfim, somos mesmo dos maiores... consumidores de substâncias que, de forma mais ou menos nociva, nos vão mantendo acordados. Se calhar, lá fora é igual, mas deixem-me ser um pouco egoísta em relação ao nosso Portugal (perdoem-me todos aqueles que, de facto, necessitam de tomar químicos para minorar ou curar qualquer maleita que tenham).
Usa as drogas, Zequinha, não deixes que as drogas te usem a ti. Usa-as em teu benefício de forma selectiva e moderada. Usas as que quiseres, sem preconceitos, mas cuidado, muito cuidado.
Será uma forma de progresso, uma invenção pós-modernista, o verdadeiro posso-ser-quem-quero-desde-que-tome-o-produto-certo. Eu adorava voar, mas não posso ter asas, nem nunca terei guelras ou barbatanas.
Se calhar, tenho uma boa dose de loucura natural que me minimiza a busca de algo mais. Se calhar, sou muito conservador nalgumas coisas, mas a verdade é que me sinto preocupado.
Vou voltar a mergulhar no lago. Pode ser que consiga ver as coisas de outra maneira, sem trip. Até já...